Os mercados ilícitos movimentaram, no ano passado, R$ 23 bilhões e 360 milhões, no Estado de São Paulo. Esses números da atividade criminosa repercutem na indústria e no comércio, em perdas de receitas e arrecadação de empregos, subtraindo postos de trabalho e gerando insegurança. Deixaram de ser criados 170 mil empregos formais, o que significa que não foram pagos R$ 5,76 bilhões em salários; 5,77 bilhões em impostos federais não foram arrecadados e outros R$ 5,78 bilhões em impostos estaduais. Os dados foram apresentados no Seminário de lançamento do Anuário de Mercados Ilícitos 2023, realizado na Fiesp, nesta quarta-feira (13/9).

Os números superlativos trazidos na abertura por Carlos Erane de Aguiar, presidente do Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (Simde) e Diretor Titular do Departamento de Defesa e Segurança (Deseg) da Fiesp, demonstram que, se de um lado existe um mercado cada vez maior de produtos ilegais, de outro, se encontra o consumidor às vezes mal-informado que coloca sua própria segurança em risco e alimenta os grupos criminosos que lucram e se fortalecem com essas operações.

Desde 2016 o Deseg acompanha o mercado ilícito no Estado, em nove setores industriais: eletrônicos, vestuário, químicos, automotivo, alimentos, higiene, brinquedos, tabaco e medicamentos. No ranking desse mercado, o tabaco lidera e brinquedos ocupa a nona posição. Apenas esses dois mercados, Alimentos e Bebidas, e Higiene, juntos, geram mais de R$ 2 bilhões para o mercado ilícito.

“Não podemos estimular este tipo de atividade criminal”, enfatizou Rafael Cervone, presidente do Ciesp e presidente em exercício da Fiesp. Para ele, é preciso enfrentar o fenômeno e discutir políticas de controle. No Seminário, dados dos principais setores impactados, representados por sindicatos e associações do setor produtivo, e, ainda, a participação das entidades que podem ajudar na solução, como os entes públicos. “Quando se trata de mercado ilícito, todos são prejudicados”, disse Cervone.

Caio Monte Cláudio, diretor executivo da empresa DIXIM, atualizou os dados do Anuário. Em sua opinião, há várias vítimas nesse processo movido por organizações criminosas. “Todos são atingidos, mas nem todos têm o conhecimento do porquê isso acontece, por que o celular, o carro está sendo roubado, por exemplo”, disse. É preciso um combate unificado, multisetorial, para que recursos e energia não sejam desperdiçados a fim de melhorar estratégias e reduzir erros, sugeriu ele.

Esses mercados ilícitos, que são transnacionais, envolvem produtos e serviços proibidos, a venda irregular de commodities, de mercadorias roubadas e produtos fora de seu mercado de destino e, ainda, a venda sem pagar os impostos de consumo local. A irregularidade também alcança o e-commerce em função das tecnologias que facilitam os processos e o ilícito.

A evolução desse mercado, a partir do levantamento do Observatório de Mercados Ilícitos do Deseg da Fiesp e seus impactos diretos e indiretos na sociedade, foi o tema trazido por Caio de Souza Castro, analista de Mercado da empresa DIXIM. “O mercado ilícito aumenta muito mais rápido do que o lícito”, pontuou. Em 2012, eram menos de R$ 7 bilhões estimados e hoje estamos passando dos 23 bilhões de movimentação. “Não podemos tratar essas redes criminosas como se fossem empresas. É totalmente desleal”, alertou, e completou lembrando que há subnotificação e que esses números podem estar subestimados.

 

Fonte: Fiesp

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